No dia 17 de abril de 2023, ocorreu, no saguão da Unifesp campus Silva Jardim, a reunião do Fórum PopRua, que reúne todos os municípios da baixada santista, através de seus representantes, para discutir assuntos relacionados à população em situação de rua. O fórum é composto por diversos profissionais da área da saúde, como os participantes do consultório na rua, que atendem essas populações, ex-alunos da Unifesp, alunos em programas de extensão, além dos moradores da comunidade. Neste evento foram abordadas algumas pautas muito importantes como:

  • Bom Prato do Centro de São Vicente - Com o Bom Prato fechado, as unidades móveis disponíveis não conseguem distribuir nem 500 marmitas por dia,  número muito baixo para o tamanho da população que era atendida pelo serviço, deixando, assim, muitas pessoas ainda mais vulnerabilizadas.
  • Pobreza menstrual - Mulheres em situação de rua sofrem com a falta de  acesso aos itens básicos de higiene.
  • Luta antimanicomial - Foi abordada a necessidade de apoiar a luta antimanicomial e tudo o que o CAPS representa em avanços relacionados a tratamentos psiquiátricos e psicológicos, lembrando que doença mental não é crime, ninguém deve ser preso em situações precárias por estar doente. Todos devem ser tratados com dignidade e usufruir de seus direitos à saúde.
  • Também foi relatado aos participantes sobre o processo de estabelecimento de um estatuto para o fórum, com um regimento já aprovado, e a necessidade de uma assembleia com todos os municípios participantes para votação.

O Fórum atua estimulando a participação através de mobilizações, levando mais pessoas para o PopRua, para aumentar a representatividade e a pluralidade das falas.

Também faz parte da ação do Fórum pressionar os governantes para que exista a ação efetiva e concretização dos projetos que são propostos. Um meio de chegar a esse objetivo é através de relatórios que tragam visibilidade, incluindo a população de rua no plano governamental, pois isso é previsto em lei, e exigido pelas diretrizes do SUS.

O Fórum também promove ações na rua, de maneira que as atividades sejam acessíveis para todos, e datas que lembram as lutas relacionadas ao Fórum Pop Rua não devem passar em branco.

O representante e fundador do Fórum Pop Rua, Paulo Varella Júnior, folou sobre o papel da universidade na formação do fórum e destacou a formação que ele teve na Unifesp. O fórum nasceu na Praia Grande, fruto do contato que e Varella teve no Consultório na Rua. De acordo com ele, houve ocasião na qual foi chamada uma roda de escuta para entender as demandas da população de rua naquele municípo, com a participação de representantes da Prefeitura e da Defensoria Pública, que detalhararam os papéis da instituição.

Na época, Varella era o articulador do movimento da população de rua que se ampliava para toda a Baixada Santista. Com articulações dentro do Centro de Trabalhadores do SUAS, ele mantinha o contato com as professoras da Unifesp que, durante a graduação, haviam  fundado com ele o NEPSSA.

Em meio a essas construções de trabalhos surgiu o insight de juntar a assistência social aos movimentos sociais, para orientá-los. Foi dessa maneira que a roda de conversa foi formada na Defensoria: o Centro Pop chegou ao saguão da Defensoria após alguns meses, quando foi realizada uma audiência pública com representantes do órgão estadual, secretários dos nove municípios da Baixada Santista e  do movimento nacional. Durante esse encontro, em 2017, foi proposta a construção do Fórum Pop Rua, ideia aprovada imediatamente.

Para Paulo Varella, a essência pedagógica do assistente social ensina sobre o papel social que cada um tem e apresenta para pessoas vulnerabilizadas. "Acontece como uma tradução da linguagem da academia para a rua e da rua para a academia, levando toda a informação que a academia produz e a população de rua não tem acesso".

Durante o Fórum de abril de 2023, também foi ressaltada a importância dos projetos da universidade voltados para levantamento de dados que possibilitem uma visão ampla da situação dessa populção, estimulando pesquisa participativa para que a rua seja parte desse processo de discussão e promoção de ações em benefício das pessoas em situação de vulnerabilidade,